Depois, perguntou se as crianças, por brincadeira, não o teriam comido por engano, é claro. As crianças responderam que não, como se detestassem comer bolos...
Cada um deles apresentou uma solução para o mistério, Mrs. Donnelly lembrou-se que, naturalmente, Maria deixara o embrulho no carro. Ao lembrar-se da forma como o senhor do bigode grisalho fora amável, Maria corou de vexame e desapontamento. Por ter falhado a sua pequena surpresa e por haver gasto o seu dinheiro em vão, quase se sentiu capaz de chorar.
Joe disse que não pensasse mais naquilo, e fê-la sentar junto do fogão. Foi muito gentil. Contou-lhe o que se passara no trabalho e repetiu uma excelente resposta que dera ao capataz. Maria não percebeu bem qual a razão por que Joe achara tanta graça naquela resposta, mas afirmou que o capataz devia ser um homem arrogante. Joe respondeu que o homem não era mau quando as pessoas o sabiam levar.
Mrs. Donnelly tocou piano e as crianças cantaram e dançaram. Em seguida, as duas raparigas vizinhas distribuíram nozes. Ninguém encontrava o quebra-nozes, e Joe começava já a ficar zangado. Perguntou como queriam que a Maria partisse as nozes sem quebra-nozes. Mas Maria não gostava de nozes e não queria que se incomodassem por sua causa. Depois, Joe perguntou-lhe se desejava tomar uma cerveja preta. Mrs. Donnelly acrescentou que também havia vinho do Porto em casa e que talvez ela o preferisse. Maria respondeu que não queria que se incomodassem, mas Joe insistiu, de modo que Maria consentiu que ele fizesse o que desejava. Sentaram-se perto do fogão, falando de coisas do passado. Maria achou que chegara o momento de falar sobre Alphy. Joe gritou que Deus o poderia transformar em pedra se alguma vez voltasse a falar a seu irmão, e Maria disse que tinha pena de haver tocado no assunto. Mrs. Donnelly dirigiu-se ao marido dizendo que era uma grande vergonha falar daquela maneira de uma pessoa que tinha o mesmo sangue que ele, mas Joe exclamou que Alphy não era seu irmão. Quase houve grande zaragata por causa disso. Joe declarou não querer perder a cabeça, visto ser noite de festa, e pediu à mulher para abrir mais garrafas de cerveja. As raparigas do lado sabiam alguns jogos próprios da Véspera de Todos-os-Santos e depressa ficaram de novo bem-dispostos. Maria estava radiante por ver as crianças alegres, e o irmão e a cunhada felizes.