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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 71

O homem lançou uma olhadela a dois clientes que se encontravam junto do balcão, dando assim a entender que a presença deles impedia que respondesse satisfatoriamente. Mas como os clientes eram ambos do sexo masculino, o chefe permitiu-se soltar uma gargalhada, dizendo:

- Conheço o jogo!... Mas cinco vezes no mesmo dia, é um bocado forte!... Bem, o melhor é você mexer-se e levar a Mr. Alleyne a cópia da correspondência do caso Delacour...

Esta advertência, diante de estranhos, a corrida escada acima e a cerveja engolida de um só trago, deixaram-no confuso, e ao sentar-se à escrivaninha, compreendeu que era impossível terminar a cópia do contrato antes do fim do dia. A noite húmida e escura descera sobre a cidade, e Farrington desejou ardentemente passar a noite de bar em bar, com os amigos. Agarrou na correspondência Delacour e atravessou o escritório, na esperança de que Mr. Alleyne não descobrisse estarem duas cartas por copiar.

Até ao gabinete de Mr. Alleyne foi sentindo sempre o tal perfume penetrante. Miss Delacour era uma mulher de meia-idade, de aparência judia. Dizia-se que Mr. Alleyne a trazia debaixo do olho, a ela e ao seu dinheiro. Ela vinha frequentemente ao escritório e demorava-se horas e horas. Estava sentada junto à escrivaninha, envolta numa atmosfera perfumada, acariciando o cabo da sombrinha e fazendo ondular a grande pluma preta que lhe adornava o chapéu. Mr. Alleyne fizera girar a sua cadeira, de forma a ficar de frente para ela. Farrington colocou a correspondência sobre a mesa e cumprimentou respeitosamente, mas nem Mr. Alleyne nem Miss Delacour deram pela sua presença. Finalmente, Mr. Alleyne fitou-o de uma forma que parecia dizer: Está bem. Safe-se...

Farrington voltou ao andar inferior e sentou-se à sua escrivaninha. Olhou intensamente para a frase incompleta: «Em caso algum poderá o referido Bernard Bodley...» e pensou em como era estranho começarem as duas últimas palavras por um B...

O chefe da secção começou a apressar Miss Parker, dizendo que ela não conseguiria ter as cartas dactilografa das a tempo de serem postas na caixa. Farrington ficou a ouvir durante alguns minutos o ruído da máquina de escrever e, por fim, meteu mãos ao trabalho. Mas sentia a cabeça confusa e as ideias vagueavam-lhe em redor das luzes e do barulho do bar. Estava uma noite ideal para beber ponches quentes...

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 71

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86