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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 73
Vira-se obrigado a pedir desculpa a Mr. Alleyne pela sua impertinência, mas sabia que estava em má situação. Lembrava-se bem de como Mr. Alleyne havia mandado embora o pequeno Peake, para dar o lugar a um sobrinho. Sentia-se cheio de sede, com vontade de se vingar e aborrecido consigo mesmo e com todos os outros. Agora não teria mais uma hora de descanso; a sua vida seria um inferno. Portara-se como um garoto. Desde aquele dia em que o ouvira imitando o sotaque do Norte da Irlanda, para divertir o Higgins e Miss Parker, Mr. Alleyne não o suportava. Poderia ainda tentar pedir dinheiro a Higgins, mas com certeza ele não tinha.

Sentia que o seu corpo solicitava, de novo, o conforto da taberna. O nevoeiro- começava a arrefecê-lo. Mas conseguiria comover Pat O'Neill a deixar-lhe beber um trago?... Tinha que arranjar dinheiro em qualquer parte, visto que pagara a cerveja com os últimos cobres. De repente, enquanto brincava com a corrente do seu relógio, recordou-se do estabelecimento de Terry Kelly, na Rua Fleet. Como é que não se lembrara mais cedo daquilo?

Atravessou rapidamente a estreita rua do Temple Bar, resmungando consigo mesmo que ainda passaria uma boa noite. O empregado disse-lhe que o objecto valia uma coroa mas, na verdade, só recebeu seis shillings. Saiu da casa de penhores com o espírito alegre e foi brincando com as moedas entre os dedos. A Rua Westmoreland estava cheia de gente, rapazes e mulheres que Saiam do trabalho e os garotos dos jornais apregoavam as edições da noite. Farrington atravessou a multidão, olhando satisfeito para o espectáculo, e pasmando para as raparigas. Sentia vibrarem-lhe na cabeça os sons das buzinas e no nariz já sentia o perfume do punch. Enquanto caminhava, ia meditando nos termos em que narraria o acidente aos rapazes:

«Então eu olhei para ele, friamente, e fiz o mesmo com a mulher ... Depois, tornei a olhar para ele com toda a minha calma e disse: Eu não penso, senhor, mas isso é de muito difícil resposta para mim!...»

Nosey Flynn estava sentado no seu canto habitual no Davy Byrnes. Depois de ouvir a história, ofereceu-lhe uma bebida e disse que era a coisa melhor que ouvira na sua vida. Farrington, por sua vez, pagou uma rodada. Depois, vieram O'Halloran e Paddy Leonard, e a história foi repetida. O'Halloran pagou uma rodada e contou a história de certa resposta que dera ao seu chefe, no escritório de Callan, na Rua Fowness.

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 73

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86