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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 82
Deixou de ir aos concertos, para não voltar a encontrá-la. O pai morreu; o sócio mais novo do banco retirou-se. Mas, como sempre, todas as manhãs ele ia de carro para a cidade, e todas as noites voltava a pé para casa, depois de haver jantado moderadamente na Rua Georges, e de ter lido o jornal à sobremesa.

Certa noite, quando a sua mão levava para a boca uma garfada de assado com couve, os olhos fixaram-se no título de uma notícia do jornal. Tornou a pousar a comida no prato e leu atentamente. A seguir, bebeu um copo de água, empurrou o prato para o lado, colocou o jornal sobre a mesa e leu novamente a notícia. A couve começou a depositar gordura fria no prato. A criada veio perguntar-lhe se o jantar não estava bem feito. Ele respondeu que sim e comeu algumas garfadas com dificuldade. Depois, pagou e saiu.

Caminhou naquele escurecer de Novembro, a sua bengala batendo cadenciadamente no chão, uma ponta do Mail a sair de uma algibeira do sobretudo. Numa rua mais solitária, que vai do Parksgate até Chapelizod, apressou o passo. A bengala bateu no chão de forma menos enfática e a respiração tornou-se-lhe apressada. Quando chegou a casa, foi logo para o quarto, e, tirando o jornal da algibeira, leu novamente a notícia. Não a leu alto, mas sim movendo os lábios, como fazem os padres. A notícia dizia assim:

MORTE DE UMA SENHORA EM SYDNEY PARADE

UM CASO DOLOROSO

«Hoje, na cidade de Dublin, no Hospital de Deputy Coroner e na ausência de Mr. Leverett, procedeu-se a investigações acerca do caso de Mrs. Emily Sinico, de quarenta e três anos de idade, que morreu ontem à noite na Estação de Sydney Parade. A evidência demonstra que a falecida senhora, enquanto procurava atravessar a linha, foi derrubada pela máquina do comboio de mercadorias de Kingstown, das dez horas, ficando com ferimentos na cabeça e do lado direito, que lhe causaram a morte.

«James Lennon, o maquinista, alega estar na Companhia há quinze anos. Pôs o comboio em movimento depois de ouvir o apito do chefe da estação, e um segundo ou dois mais tarde, estacou, porque ouviu gritos. O comboio ia devagar.

«P. Dunne, porteiro da estação, informou que, quando o comboio principiou a andar, observou uma mulher tentando atravessar a linha.

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 82

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86