Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: Capítulo 10

Página 92
Ria-se alto, de uma história que acabara de contar a Gabriel na escada e, ao mesmo tempo, vinha esfregando o olho esquerdo, com o punho fechado.

- Boa noite, Freddy - saudou a tia Julia.

Freddy Malins deu as boas-noites à família Morkan e, reparando em Mr. Browne, que estava a sorrir para ele, atravessou a sala em cima de umas pernas pouco seguras, e foi-lhe repetir a história que acabara de contar a Gabriel.

- Não está mal, pois não? - perguntou a tia Kate a Gabriel.

- Não, quase não se dá por isso...

- É um rapaz terrível!... Vem comigo

para a sala, Gabriel!...

Antes de deixar a sala, fez um sinal de aviso, com o dedo, a Mr. Browne, que baixou a cabeça, em resposta. Logo que ela saiu, este disse a Freddy Malins:

- Bem, Freddy, vou arranjar-te um bom copo de limonada!...

Freddy Malins, que estava no meio da sua história, recusou a oferta, impacientemente, mas Mr. Browne tendo-o conseguido distrair, procurando chamar-lhe a atenção para qualquer coisa que tinha no fato, meteu-lhe na mão o copo da limonada. A mão esquerda de Malins aceitou o copo mecanicamente, visto que a mão direita estava ocupada a arranjar o fato. Mr. Browne trouxe outro copo de uísque, enquanto Freddy explodia numa gargalhada, mesmo antes de chegar ao fim da história. Pousando o copo cheio na mesa, recomeçou a esfregar o olho esquerdo com o punho, repetindo palavras da última frase, consoante lhe permitia o ataque de riso.

Gabriel não conseguia ouvir com atenção a peça da Academia, cheia de dificuldades, que Mary Jane tocava para a sala repleta de gente. Gostava de música, mas aquele trecho não tinha melodia nenhuma, em sua opinião, e acreditava que os outros ouvintes também pensavam o mesmo, apesar de haverem insistido para que Mary Jane tocasse. Quatro rapazes que vinham da casa de jantar para a sala de música, quando ouviram o piano, voltaram para trás. As únicas pessoas que aparentavam seguir a música, eram Mary Jane, correndo com as suas mãos as teclas ou levantando-as durante as pausas, e a tia Kate, que se encontrava junto dela, a fim de voltar as páginas.

Os olhos de Gabriel percorreram o tecto que ostentava pesado candeeiro, e as paredes onde se via um quadro de Romeu e Julieta, na varanda, e outro representando dois príncipes mortos na Torre, trabalhado em lãs encarnadas, azuis e castanhas pela tia Julia, quando era rapariga. Provavelmente esse seria o trabalho que nessa altura ensinavam na escola.

<< Página Anterior

pág. 92 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 92

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86