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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 99

No patamar, Gabriel encontrou sua mulher e Mary Jane tentando persuadir Miss Ivors a ficar para a ceia; mas Miss Ivors, que já tinha posto o chapéu e estava abotoando o casaco, não queria ficar. Não sentia absolutamente nenhum apetite, e já eram horas.

- Mas são só mais dez minutos, Molly - disse Mrs. Conroy. - Isso nada a atrasa...

- Para tomar qualquer coisa, depois de tudo o que dançou - insistiu Mary Jane.

- Realmente, não posso!... - desculpou-se Miss Ivors.

- Receio que não se tenha divertido -

disse Mary Jane.

- Imensamente, posso-lhe assegurar - esclareceu Miss Ivors -, mas na verdade tem que me deixar ir agora...

- Mas como é que vai para casa? - perguntou Mrs. Conroy.

Gabriel hesitou um momento, e depois disse:

- Se me permite, Miss Ivors, eu a acompanharei; se realmente tem de ir.

Mas Miss Ivors fugiu-lhe, exclamando:

- Nem pensar nisso... Por amor de Deus vão para a vossa ceia e não se importem comigo!... Eu sou muito capaz de tomar conta de mim mesma...

- Bem, és uma rapariga cómica, Molly - sentenciou Mrs. Conroy.

- Beannacht libh - gritou Miss Ivors com uma gargalhada, enquanto descia a escada.

Mary Jane acompanhou-a com o olhar, mantendo uma expressão de admiração no rosto, enquanto Mrs. Conroy se debruçava no corrimão, para ouvir a porta fechar-se. Gabriel perguntou a si mesmo se seria ele o causador daquela partida rápida. Mas ela não parecia ter saído mal-humorada; ia a rir-se.

Naquela ocasião, a tia Kate apareceu ali com o andar vacilante, torcendo as mãos com desespero.

- Onde está Gabriel? - gritou ela. - Onde diabo se meteu? Estão todos à espera, e não há ninguém para trinchar o ganso!... - Estou aqui, tia Kate!... - gritou Gabriel com uma animação repentina. - Pronto para trinchar um bando de gansos, se for preciso…

Numa das extremidades da mesa estava um gordo ganso, na outra um grande presunto enfeitado com papéis plissados e perto um grande pedaço de carne assada.

Entre esses dois extremos rivais viam-se linhas paralelas de pratos: duas pequenas catedrais feitas de geleia encarnada e amarela; um prato baixo cheio de doce de fruta, um prato do feitio de uma folha, com uvas cor de púrpura e amêndoas, outro prato onde se viam figos secos, algumas taças cheias de chocolate e doces embrulhados em papéis prateados e coloridos. No centro da mesa estavam uma fruteira com uma pirâmide de laranjas e maçãs americanas e duas garrafas antiquadas, uma contendo vinho do Porto e a outra vinho de Xerez.

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 99

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86