O Retrato de Dorian Gray - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 133 / 335

Sibyl fitou-o, atónita, e riu-se. Abeirou-se dele e afagou-lhe o cabelo. Ajoelhou-se e apertou contra os lábios a mão dele. O jovem estremeceu e retirou-lhas logo. Levantou-se e encaminhou-se para a porta.

- Sim - exclamou - mataste o meu amor. Fazias vibrar a minha imaginação. Agora nem sequer a curiosidade me excitas. Não produzes em mim efeito absolutamente algum. Amava-te, porque eras maravilhosa, porque tinhas génio e inteligência, porque concebias os sonhos dos grandes poetas e davas forma e corpo às ficções da arte. Destruíste tudo isso. És banal e estúpida. Meu Deus! Que louco eu fui em amar-te! Que tolo tenho sido! Agora nada és já para mim. Nunca mais te verei. Nunca mais pensarei em ti. Nunca mais pronunciarei o teu nome. Não sabes o que eras para mim. Oh, o que eras... Oh! Não posso pensar nisso! Oxalá que nunca te tivesse visto. Estragaste o romance da minha vida. Que pouco tu sabes de amor para dizeres que ele estraga a tua arte! Sem a tua arte não és nada. Eu ter-te-ia tornado célebre, esplêndida, magnificente. o mundo ter-te-ia adorado e eu ter-te-ia dado o meu nome. Que és agora? Uma actriz de terceira ordem com uma cara bonita...

A rapariga, lívida, tremia. Enclavinhou as mãos e a voz parecia prender-se-lhe na garganta.





Os capítulos deste livro