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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 135

Não pôde prosseguir, sufocada por um soluçar convulso. Jazia prostrada no chão, como se estivesse ferida. Dorian Gray observava-a com os seus belos olhos e franzia os lábios cinzelados, numa subtil expressão de desdém. Há sempre o que quer que seja de ridículo nas emoções daqueles que deixámos de amar. Sibyl Vane parecia-lhe absurdamente melodramática. As suas lágrimas, os seus soluços enfadavam-no.

- Vou-me embora - disse ele por fim, na sua voz calma e clara. - Não quero ser mau, mas não posso tornar a ver-te. Foste para mim uma decepção.

Ela chorava em silêncio. Não respondeu e arrastou-se para mais perto. As suas mãozitas estendiam-se às cegas e pareciam procurá-lo. Ele rodou nos calcanhares e saiu. Passados momentos, achava-se na rua.

Por onde andou? Mal sabia. Recordava-se de haver vagueado por ruas mal iluminadas, de haver passado por arcadas imersas em sombras e casas de mau aspecto. Lembrava-se de o haverem chamado mulheres de voz roufenha e risadas grosseiras, de bêbedos passarem por ele, cambaleando e praguejando sozinhos e gesticulando como monstruosos macacos. Vira crianças grotescas amontoadas nos degraus das portas e ouvira gritos e palavrões vindos de pátios lôbregos.

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 135

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313