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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 139
Exprimira o estulto desejo de que o retrato envelhecesse, ficando ele sempre jovem; de que a sua beleza permanecesse imaculada e de que o rosto pintado na tela suportasse o peso das suas paixões e dos seus pecados; de que a imagem pintada fosse vincada pelas linhas do sofrimento, conservando ele todo o esplendor delicado, todo o adorável encanto da mocidade, de que só então tivera consciência. Não, era impossível! Parecia monstruoso pensar sequer nisso. E, contudo, ali estava o retrato na sua frente, com um laivo de crueldade na boca...

Crueldade! Tinha, porventura, sido cruel? A culpa fora da rapariga, não fora sua. Idealizara-a como uma grande artista, dera-lhe o seu amor, porque a julgara grande. Depois ela causara-lhe uma tremenda desilusão. Fora rasteira e indigna. E, todavia, oprimia-o um sentimento de infinito pesar, ao recordá-la prostrada a seus pés, soluçando como uma criança. Lembrava-se da frieza com que a contemplara. Porque fora assim feito? Porque lhe deram uma alma assim? Mas sofrera também. Durante as três terríveis horas que durara a peça, vivera séculos de dor, eternidades de tortura. A sua vida valia bem a dela. Se ele a ferira para toda a vida, ela magoara-o por um momento. Além disso, as mulheres eram melhor organizadas do que os homens para suportar a dor. Viviam das suas emoções.

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pág. 139 (Capítulo 8)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 139

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313