O Retrato de Dorian Gray - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 15 / 335

- Como você é inglês, Basil! É a segunda vez que me faz essa observação. Quando a gente expõe uma ideia a um inglês autêntico - o que é sempre uma tarefa árdua - ele nunca procura saber se a ideia é acertada ou não. A única coisa a que liga importância é saber se a pessoa que a emite nela acredita. Ora, o valor duma ideia nada tem que ver com a sinceridade da pessoa que a exprime...

Na realidade, todas as probabilidades são de a ideia ser tanto mais puramente intelectual quanto menos sincero for o homem, visto, nesse caso, ela não ser colorida nem pelas suas conveniências, nem pelos seus desejos, nem pelos seus preconceitos. Eu não pretendo, porém, discutir política, sociologia ou metafísica com você. Aprecio mais as pessoas do que os princípios, e o que acima de tudo aprecio no mundo são as pessoas sem princípios. Diga-me mais coisas acerca do Sr. Dorian Gray. Vê-o muitas vezes?

- Todos os dias. Não poderia ser feliz, se o não visse todos os dias. É-me absolutamente necessário.

- É extraordinário! Julgava que você nunca se interessaria por coisa alguma que não fosse a sua arte.

- Ele é para mim agora toda a minha arte - disse o pintor, gravemente. - Penso às vezes, Henry, que na história do mundo há apenas duas eras de alguma importância. A primeira é a aparição dum novo meio para a arte e a segunda é a aparição duma nova personalidade para a arte também.





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