O Retrato de Dorian Gray - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 16 / 335

O que foi para os Venezianos a invenção da pintura a óleo foi para a escultura grega o rosto de Antínoo e será um dia para mim o rosto de Dorian Gray. Não é somente por ele me servir de modelo para as minhas pinturas, os meus desenhos ou os meus esboços. É claro que tudo isso tenho eu feito. Ele é, porém, para mim muito mais que um modelo. Não lhe direi que estou descontente com o que fiz dele ou que a sua beleza é tal que a Arte a não pode exprimir. Não há nada que a Arte não possa exprimir, e eu sei que o trabalho que tenho feito, desde que encontrei Dorian Gray, é bom, é a melhor obra de toda a minha vida. Mas o que é curiosíssimo - receio que me não compreenda - é que a sua personalidade sugeriu-me uma maneira inteiramente nova, um modo de estilo inteiramente novo. Vejo as coisas diferentemente. Posso agora criar a vida dum modo que até aqui me estava oculto. «Um sonho de forma em dias de pensamento» - quem foi que disse isto? - não me recordo; mas é o que Dorian Gray tem sido para mim. A simples presença deste rapaz

- Ele parece-me sempre pouco mais que um rapaz, embora tenha mais de vinte anos - a sua simples presença... ah! mas poderá perceber tudo o que isto significa?





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