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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 163
Fora, na verdade, o seu pedido que ocasionara a alteração do retrato? Não poderia haver para tudo isso alguma curiosa explicação científica? Se o pensamento podia exercer a sua influência sobre um organismo vivo, não podia igualmente actuar sobre as coisas inertes e inorgânicas? Destituídas de pensamento ou desejo consciente, não podiam as coisas externas a nós vibrar em uníssono com os nossos caprichos e as nossas paixões, o átomo atraindo o átomo num secreto amor, numa estranha afinidade? Mas nada importava a razão. Nunca mais por um pedido tentaria força alguma terrível. Se o retrato tinha de mudar, mudaria. Nada mais. Porque pretender esmiuçar profundamente o caso?

Haveria, assim, um autêntico prazer em espiar a modificação operada nas suas feições. Poderia seguir o seu pensamento até os seus mais recônditos refolhos. Este retrato seria para ele o mais mágico dos espelhos. Assim como lhe revelara o aspecto exterior do seu corpo, assim lhe revelaria a intimidade da sua alma. E, quando sobre o retrato caísse o inverno, ele continuaria gozando os esplendores da primavera e do verão.

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pág. 163 (Capítulo 9)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 163

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313