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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 162
Eterna juventude, infinita paixão, prazeres subtis e secretos, desvairadas alegrias, e mais desvairados pecados tudo isso ela havia de ter. O retrato suportaria o peso da sua vergonha: nada mais!

Invadiu-o uma sensação de dor ao pensar na degradação que estava reservada para o belo rosto do quadro. Uma vez, numa pueril imitação de Narciso, beijara, ou fingira beijar, aqueles lábios pintados que lhe sorriam agora tão cruelmente. Passara manhãs e manhãs sentado em frente do retrato, maravilhado da sua beleza, quase dela enamorado... Ia agora essa beleza alterar-se a cada modalidade da sua existência? Ia transformar-se numa coisa monstruosa e repugnante, que fosse necessário fechar num quarto secreto, esconder do sol, que tantas vezes refulgira no oiro maravilhoso do seu cabelo? Que pena! Que pena!

Pensou por um momento pedir que cessasse a horrível solidariedade que existia entre ele e o retrato. Fora um pedido seu que provocara a alteração; talvez novo pedido a detivesse... E, no entanto, quem, tudo conhecendo da vida, renunciaria à possibilidade de permanecer eternamente jovem, por mais fantástica que fosse tal possibilidade, fossem quais fossem as consequências fatais que daí derivassem? Demais a mais, dependia, porventura, isso do seu querer?

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pág. 162 (Capítulo 9)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 162

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313