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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 182

Dorian estremeceu à evocação do avô. Tinha dele recordações odientas.

- Não importa - respondeu. - Quero apenas ver a sala, mais nada. Dê-me a chave.

- Está aqui a chave, senhor - disse a velha dama, rebuscando com as mãos trémulas e incertas no molho das chaves. - Está aqui a chave. Só um momento para a tirar da argola. Mas V. Ex- não pensa em ir habitar lá em cima, estando aqui tão comodamente instalado...

- Não, não - exclamou ele, petulantemente.

- Obrigado, Leaf. Está bem.

Ela demorou-se alguns momentos, tagarelando sobre minuciosidades da vida da casa. Dorian suspirou e disse-lhe que arranjasse tudo como melhor entendesse. Ela retirou-se, desfazendo-se em sorrisos.

Apenas se fechou a porta, Dorian meteu a chave no bolso e olhou em roda do quarto. Deparou-se-lhe uma grande colcha de cetim purpúreo, pesadamente bordada a oito, esplêndido trabalho veneziano do século XVII que seu avô encontrara num convento perto de Bolonha. Sim, serviria para embrulhar o terrível quadro abjecto. Talvez muitas vezes tivesse servido de mortalha para mortos. Agora ia servir para ocultar alguma coisa que tinha em si uma corrupção própria, pior do que a corrupção da morte - alguma coisa que geraria horrores e que, contudo, nunca morreria. O que o verme era para o cadáver seriam os seus pecados para a efígie pintada na tela.

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 182

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313