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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 192

Os seus olhos deram com o livro amarelo que Lord Henry lhe enviara. Que era? Encaminhou-se para a mesinha octogonal, que sempre se lhe afigurara a obra de estranhas abelhas egípcias que trabalhassem em prata, e, pegando no volume, atirou-se para uma poltrona e pôs-se a folheá-lo. Passados uns minutos, a leitura absorvia-o completamente. Era o livro mais estranho que jamais lera. Parecia-lhe que os pecados do mundo desfilavam em silêncio diante dele, vestidos de trajes sumptuosos e acompanhados do som delicado de flautas. Apareciam-lhe subitamente como coisas reais que ele vagamente havia sonhado. Eram-lhe a pouco e pouco reveladas coisas que jamais sonhara.

Era uma novela sem enredo e com uma personagem apenas. Era simplesmente o estudo psicológico de certo jovem parisiense que passava a vida procurando realizar no século XIX todas as paixões e modalidades de pensamento que pertenciam a todos os outros séculos e compendiar, por assim dizer, em si as várias feições por que passara o espírito do mundo, amando pela sua mera artificialidade aquelas renúncias que os homens insensatamente denominaram virtude, tanto como aquelas rebeliões naturais a que os homens de senso ainda chamam pecado.

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pág. 192 (Capítulo 11)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 192

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313