O Retrato de Dorian Gray - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 218 / 335

Ria-se de quem quer que pretendesse escarnecê-lo. Não fora ele que o pintara. Que lhe importava essa aparência ignóbil e monstruosa? Ainda mesmo que confessasse a verdade, quem lhe daria crédito?

Todavia, tinha medo. Às vezes, quando se encontrava na sua grande casa de Nottinghamshire, divertindo-se com os jovens elegantes da sua roda, que eram os seus habituais companheiros, e espantando o condado com o desregrado luxo e esplendoroso fausto do seu viver, abandonava subitamente os seus convidados e corria à cidade para ver se a porta havia sido forçada e se o retrato ainda lá se encontrava. E se lho roubassem?.. Só o pensá-lo regelava-o de horror. Sem dúvida, então o mundo conheceria o seu segredo. Talvez até que já o suspeitasse...

Pois, conquanto fascinasse muitos, não eram poucos os que dele se arredavam desconfiados. Quase que foi rejeitado num clube do West End, em que o seu nascimento e a sua posição social lhe davam pleno direito de entrar, e contava-se que, numa ocasião em que por um amigo foi levado à sala de fumo do Churchill, o duque de Berwick e outro cavalheiro se levantaram dum modo ostensivo e saíram.





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