O Retrato de Dorian Gray - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 255 / 335

Há dez horas que lá está. Não se inquiete, e não olhe assim para mim. Quem é o homem, por que morreu, como morreu, são coisas que lhe não dizem respeito. O que tem a fazer é o seguinte...

- Cale-se, Gray. Não quero saber mais nada. Seja ou não verdade o que acaba de dizer, nada tenho com isso. Recuso-me absolutamente a imiscuir-me na sua vida.

Guarde para si os seus horríveis segredos. Já me não interessam.

- Alan, deverão interessar-lhe. Este há-de interessar-lhe. Lamento-o imenso por si, Alan. Mas não posso evitá-lo. Você é o único homem capaz de me salvar. Sou obrigado a metê-lo neste assunto. Não tenho que escolher. O Alan é um homem de ciência. Sabe química e tudo o que com a química se relaciona. Tem feito experiências. O que tem a fazer é destruir o cadáver que está lá em cima, destruí-lo de modo a não ficar o mais leve vestígio. Ninguém viu esse homem entrar aqui. Toda a gente o supõe neste momento em Paris. Durante meses ninguém dará pela sua falta. Quando derem, já dele nenhum rasto se encontrará. Você, Alan, deve transformá-lo, bem como a tudo o que lhe pertence, num punhado de cinzas que eu possa dispersar ao vento.

- Endoideceu, Dorian!

- Ah! Estava à espera que me chamasse Dorian.





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