Sentia um anel de ferro cingir-lhe fortemente a cabeça, como se já sobre ele tivesse caído o opróbrio que o ameaçava. A mão que se lhe aferrara ao ombro pesava-lhe como se fora de chumbo. Era incomportável. Parecia esmagá-lo.
- Vamos, Alan, tem de se decidir imediatamente.
- Não posso - respondeu, mecanicamente, como se as palavras pudessem modificar as coisas.
- Tem de o fazer. Não tem outro remédio. Não se demore.
Hesitou um momento.
- Lá em cima há fogão?
- Há, há um fogão a gás com asbestos.
- Tenho de ir a casa buscar umas coisas do laboratório.
- Não, Alan, não sai daqui. Escreva num papel aquilo de que precisa e o meu criado irá num carro buscar-lhe tudo.
Campbell rabiscou algumas linhas, secou-as e escreveu no sobrescrito o nome do seu assistente. Dorian pegou no bilhete e leu-o cuidadosamente. Depois tocou a campainha e deu-o ao criado, com ordem de voltar o mais depressa possível e trazer tudo.
Mal se fechou a porta do vestíbulo, Campbell, muito nervoso, levantou-se e foi para o pé do fogão. Tremia, como se estivesse com um acesso de febre. Decorreram uns vinte minutos sem nem um nem outro proferirem palavra.