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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 28
- E, todavia - prosseguiu Lord Henry, na sua voz baixa, musical, e acentuando com a mão o que dizia, num gracioso gesto muito característico -, eu creio que, se nós vivêssemos a nossa vida em toda a sua plenitude, se nós déssemos forma a todos os sentimentos, realidade a todos os sonhos, o mundo ganharia um tal impulso de alegria, que esqueceríamos todas as doenças do medievalismo e regressaríamos ao ideal helénico, a alguma coisa mais bela, mais rica, talvez, do que o ideal helénico. Mas, entre nós, o homem mais afoito tem medo de si mesmo. A mutilação do selvagem tem a sua trágica sobrevivência na renúncia, que estraga as nossas vidas. Somos punidos pelas nossas recusas. Todo o impulso que nos afreimamos em estrangular vem acoitar-se-nos no espírito e envenena-nos. O corpo peca uma vez, e aí termina o seu pecado, pois a acção é um modo de purificação. Nada mais resta então do que a lembrança dum prazer ou o luxo dum pesar. O único modo de a gente se libertar duma tentação é ceder-lhe. Se lhe resistimos, a alma adoece-nos com o anseio das coisas que ela a si mesma se proibiu, com o desejo daquilo que as suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilícito. Alguém disse que os grandes acontecimentos do mundo se passam dentro do cérebro. É no cérebro. e somente no cérebro, que se cometem também os grandes pecados do mundo.

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pág. 28 (Capítulo 3)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 28

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313