«Curar a alma por meio dos sentidos, e os sentidos por meio da alma!» Como essas palavras lhe ressoavam aos ouvidos! A sua alma estava, sem dúvida, mortalmente doente. Poderiam, na verdade, os sentidos curá-la? Fora derramado sangue inocente... Que é que poderia resgatá-lo? Ah! Para isso não havia resgate; mas, embora fosse impossível o perdão, não o era o esquecimento - achava-se resolvido a esquecer, a extirpar esse facto da sua memória, a esmagá-lo como esmagaria uma víbora que o houvesse picado. Efectivamente, que direito tinha Basil Hallward a falar-lhe como lhe falara? Quem o arvorara em juiz dos outros? Dissera coisas terríveis, pavorosas, insuportáveis...
Parecia-lhe que o hansomO caminho parecia interminável, as ruas eram como a teia negra duma formidável aranha. Tornava-se incomportável aquela monotonia, e, como o nevoeiro se tornava cada vez mais espesso, Dorian sentiu medo.