Gostaria de conhecer alguém que houvesse cometido um assassínio autêntico...
- É horrível, Henry! - exclamou a duquesa. - Não é verdade, Sr. Gray? Henry, o Sr. Gray está outra vez doente. Está quase a desmaiar.
- O infeliz era casado? Tinha pessoas na sua dependência? - perguntou Dorian, com ar de enfado. - Nesse caso, não quero que fiquem à míngua, e enviar-lhes-ei a quantia que você julgue necessária.
- Não sabemos quem é, senhor. Foi por isso que tomei a liberdade de vir falar com V. Exs.
- Não sabem quem é? - disse Dorian, alheadamente. - Que quer dizer? Não era um dos seus guardas?
- Não, senhor. Nunca o vi. Parece marinheiro.
A estas palavras, Dorian Gray deixou cair a pena e teve a sensação de que o coração lhe parara de chofre.
- Marinheiro? - exclamou. - Disse um marinheiro?
- Sim, senhor. Parece marinheiro; tem os braços tatuados, enfim, todo o jeito dum marinheiro.
- Encontraram-lhe alguma coisa nos bolsos? - perguntou Dorian, debruçado sobre a mesa e olhando com ansiedade para o homem. - Encontraram-lhe alguma coisa que revele a sua identidade?
- Encontraram-lhe algum dinheiro, não muito, e um revólver de seis cargas. Não encontrámos nome nenhum. É um homem de aparência decente, mas grosseiro. No nosso entender, é marinheiro, pela certa.