Ao chegar a casa, encontrou o criado à sua espera.
Mandou-o deitar-se e atirou-se para cima do sofá da biblioteca. Pôs-se então a pensar em algumas das coisas que Lord Henry lhe dissera.
Era realmente verdade que a gente nunca pode mudar?
Sentia uma saudade imensa da imaculada pureza dos seus tempos de rapaz - da sua alvi-rósea adolescência, como um dia dissera Lord Henry. Sabia que se havia envilecido, que havia atascado o seu espírito em corrupção e enchido de horror a sua fantasia; sabia que havia exercido uma influência perniciosa sobre os outros e que nisso experimentara um júbilo terrível; sabia que, das vidas que haviam atravessado a sua, fora a mais pura e a mais auspiciosa aquela que ele conspurcara de vergonha.