O Retrato de Dorian Gray - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 38 / 335

- Está pronto! - exclamou por fim, e, baixando-se, assinou o seu nome a vermelhão no canto esquerdo do quadro.

Lord Henry aproximou-se e examinou o retrato. Era deveras uma admirável obra de arte, e duma semelhança igualmente admirável.

- Meu caro amigo, dou-lhe os meus mais calorosos parabéns. É o mais belo retrato dos tempos modernos. Sr. Gray, venha ver-se!

O jovem estremeceu, como se despertara dum sonho.

- Está realmente pronto? - murmurou, descendo do estrado.

- Pronto - disse o pintor. - E você hoje prestou-se esplendidamente. Estou-lhe imensamente obrigado.

- Deve-o a mim! - exclamou Lord Henry. - Não é verdade, Sr. Gray?

Dorian não respondeu, mas abeirou-se em silêncio do seu retrato e voltou-se para ele. Ao vê-lo recuou, e as faces coloriram-se-lhe, por um momento, de prazer. Fulgiu-lhe nos olhos um lampejo de júbilo, como se pela primeira vez se houvera reconhecido. Quedou-se ali imóvel e maravilhado, vagamente cônscio de que o pintor lhe estava falando, mas não percebendo o que ele dizia. Deparou-se-lhe de chofre como uma revelação o sentido da sua beleza. Nunca até então o sentira. Tomara os cumprimentos de Basil Hallward como encantadores exageros da amizade.





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