- O rubor fica muito bem, duquesa - observou Lord Henry.
- Mas é só quando a gente é nova - replicou ela.
- Quando uma velha como eu cora, é muito mau sinal. Ah! Lord Henry, desejava que me dissesse o que hei-de fazer para tornar a ser nova.
Lord Henry meditou um momento. Depois perguntou, fitando-a:
- Pode recordar-se, duquesa, de algum grande erro que tenha cometido na sua mocidade?
- Cometi muitos! - exclamou ela.
- Então cometa-os outra vez! - aconselhou ele gravemente. - Para regressarmos à mocidade basta-nos repetir as nossas loucuras.
- É uma teoria deliciosa - comentou a duquesa.
- Tenho de a pôr em prática.
- É uma teoria perigosa! - opinou Sir Thomas por entre os dentes.
Lady Agatha meneou a cabeça, mas não pôde esquivar-se a achar-lhe graça. O Sr. Erskine escutava.
- Sim - prosseguiu ele -, é um dos grandes segredos da vida. Hoje em dia a maior parte da gente morre duma espécie de rasteiro senso comum, e descobre, quando já é demasiado tarde, que as únicas coisas que nunca se lamentam são os próprios erros.
Correu uma risada em volta da mesa.
Lord Henry brincava com a ideia, e fazia dela o que queria: atirava-a ao ar e transformava-a; deixava-a fugir e apanhava-a de novo; irisava-a com as cambiantes da imaginação e aligeirava-a com as asas do paradoxo.