O Retrato de Dorian Gray - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 84 / 335

- Isso seria impossível, meu caro!

- Tenho disso a certeza. Ela tem não só arte, um consumado instinto artístico, mas também personalidade; e você tem-me muitas vezes dito que são as personalidades, e não os princípios, que movem o século.

- Bem, quando havemos de ir?

- Deixe-me ver. Hoje é terça-feira. Fixemos amanhã.

- Perfeitamente. No Bristol às oito horas; e levo o Basil.

- Às oito, não, Henry. Às seis e meia. Precisamos de lá estar antes de subir o pano. Deve vê-la no primeiro acto, em que ela encontra o Romeu.

- Seis e meia! Que hora! Será o mesmo que ir a um chá ou ler uma novela inglesa. Tem de ser às sete. Nenhum homem que se preza janta antes das sete. Você encontra-se, entretanto, com o Basil ou quer que eu lhe escreva?

- Caro Basil! Há uma semana que não ponho os olhos nele. É a minha parte indesculpável, pois que me mandou o meu retrato encaixilhado numa admirável moldura, especialmente desenhada por ele próprio, e, embora eu tenha ciúmes do retrato por ser um mês mais novo do que eu, devo convir que me dá prazer. Talvez seja melhor você escrever-lhe. Não quero encontrar-me a sós com ele. Diz-me coisas que me aborrecem. Dá-me bons conselhos.





Os capítulos deste livro