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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 106
Isso visava a mostrar que também se deve confiar aos outros cidadãos para que estão talhados naturalmente, e só essa, a fim de que cada um, ocupando-se da sua tarefa própria, seja uno e não múltiplo e assim a cidade se desenvolva, permanecendo una, e não tornando-se múltipla.

- Com efeito - disse ele -, trata-se de uma questão menos importante do que a precedente!

- Na realidade, meu bom Adimanto, as nossas prescrições não são, como se poderia julgar, numerosas e importantes; são todas muito simples, com a condição de se observar um único grande ponto, que, aliás, mais do que grande, é suficiente.

- Que é? - inquiriu.

- A educação da infância e da juventude - respondi. - Com efeito, se os nossos jovens forem bem-educados e se tornarem homens esclarecidos, compreenderão facilmente tudo isto e o que de momento deixamos de lado, a propriedade das mulheres, os casamentos e a procriação dos filhos, coisas que, segundo o provérbio, devem ser tão comuns quanto possível entre amigos.

- Inteiramente de acordo - disse ele.

- E, logo que a nossa cidade se tenha desenvolvido, irá aumentando como um círculo; é que uma educação e uma instrução honesta, quando preservadas de toda e qualquer alteração, criam bons caracteres e, por outro lado, os caracteres honestos que receberam essa educação tornam-se melhores do que aqueles que os precederam, sob diversos aspectos e, entre outros, sob o da procriação, como se verifica com os outros animais.

- É natural.

- Portanto, resumindo, é preciso que os responsáveis pela cidade se esforcem por que a educação não se altere sem seu conhecimento, que velem por ela a todo o momento e, com todo o cuidado possível, evitem que nada de novo, respeitante à ginástica e à música, se introduza contra as regras estabelecidas, com receio de que, se alguém disser

os homens apreciam mais os cantos mais novos,

se imagine talvez que o poeta se refere não a árias novas, mas a uma nova maneira de cantar, e que disso se faça o elogio. Ora, não se deve nem louvar nem admitir semelhante interpretação, porque é de recear que a passagem a um novo género musical ponha tudo em perigo. Com efeito, nunca se atacam as formas da música sem abalar as maiores leis das cidades, como diz Dámon, e eu concordo com ele.

- Inclui-me também - disse Adimanto - entre os que concordam.

- Portanto, é nela, na música, segundo parece, que os guardas devem edificar o seu corpo de guarda.

- Com certeza, o desprezo das leis insinua-se aí facilmente sem que se dê conta.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 106

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265