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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 107

- Sim, sob a forma de jogo e como se não causasse nenhum mal.

- E, realmente - retorquiu -, não faz senão introduzir-se pouco a pouco e infiltrar-se suavemente nos usos e costumes; daí, sai mais forte e passa às relações sociais; em seguida, das relações sociais marcha sobre as leis e as constituições com muita insolência, Sócrates, até que, finalmente, subverte tudo entre os particulares e no Estado.

- Seja - disse eu. - É realmente assim?

- É o que me parece.

- Por conseguinte, como dizíamos no começo, os nossos filhos não devem participar em jogos mais legítimos? Se os seus jogos são desregrados, eles sê-lo-ão também e não poderão tornar-se, quando adultos, homens obedientes às leis e, virtuosos.

- Sem dúvida.

- Ao passo que, quando as crianças jogam honestamente desde o princípio, a ordem, por meio da música, penetra nelas e, ao contrário do que sucede no caso que citavas, acompanha-os por toda a parte, aumenta-lhes a força e revigora na cidade o que nela estiver em declínio.

- É verdade - concordou.

- E descobrem essas regras que parecem de pouca importância e que os seus predecessores deixaram cair em desuso.

- Quais?

- As que ordenam aos jovens que respeitem o silêncio, quando convém, em presença dos anciãos, que os ajudem a sentar-se, que se levantem para lhes cederem o lugar, que rodeiem os pais de cuidados - e as que respeitam ao corte dos cabelos, às roupas, ao calçado, ao aspecto exterior do corpo e outras coisas semelhantes. Não achas que descobrirão estas regras?

- Creio que sim.

- Mas, na minha opinião, seria simplista legislar sobre estas matérias, dado que os decretos promulgados, orais ou escritos, não teriam efeito e não poderiam ser cumpridos.

- Como o poderiam ser?

- O que parece certo, Adimanto - prossegui -, é que o impulso dado pela educação determina tudo o que se segue. Por isso, o semelhante não apela sempre para o seu semelhante?

- Com certeza!

- E julgo que poderíamos dizer que, no fim, este impulso conduz a um grande e perfeito resultado, seja para bem ou para mal.

- Sem dúvida.

- Eis porque não irei mais longe e não empreenderei legislar acerca disso.

- E com razão.

- Mas, pelos deuses, que faremos no que respeita aos negócios da ágora, aos contratos que os cidadãos das diversas classes aí celebram entre si e, se quiseres, aos contratos de mão-de-obra?

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 107

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265