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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 108
Que faremos no que respeita às injúrias, às vias de facto, à apresentação das solicitações, à organização dos juízes, à instituição e ao pagamento das taxas que poderiam ser necessárias sobre os mercados e nos portos e, em geral, à regulamentação do mercado, da cidade, do porto e do resto? Ousaremos legislar sobre tudo isto?

- Não convém - respondeu - fazer tais prescrições a gente honrada; com efeito, ela mesma descobrirá facilmente a maior parte das regras que é preciso estabelecer nessas matérias.

- Sim, meu amigo - disse eu -, se Deus lhe permitir manter intactas as leis que enumerámos mais acima.

- Caso contrário - replicou -, todos passarão a Vida a fazer um grande número de tais regras e a reformá-las, na suposição de que chegarão à melhor.

- Queres dizer que viverão como esses doentes que a intemperança impede de abandonar um mau regime.

- Exactamente.

- Não há dúvida de que essas pessoas passam o tempo de forma encantadora: tratando-se, não chegam a nada, excepto a complicar e a agravar as suas doenças; e esperam, sempre que se lhes aconselha um remédio, que graças a ele se tornarão saudáveis.

- Com efeito - disse ele -, são essas as disposições desses doentes.

- Pois quê! - prossegui. - Não é uma característica encantadora deles o facto de considerarem como o seu pior inimigo aquele que lhes diz a verdade, isto é, que, enquanto não renunciarem a embriagar-se, a encher-se de comida, a entregar-se à libertinagem e à preguiça, nem remédios, nem cautérios, nem golpes, nem encantamentos, nem amuletos, nem outras coisas do mesmo género lhes servirão de nada?

- Essa característica não tem nada de encantador - observou -, dado que não há encanto em irritar-se contra quem dá bons conselhos. - Ao que parece, não és um admirador de tais homens.

- Com certeza que não, por Zeus!

- Portanto, também não aprovarás toda a cidade que procede como acaba de ser dito. Com efeito, não te parece que fazem a mesma coisa que esses doentes as cidades mal governadas que proíbem os cidadãos, sob pena de morte, de tocar no conjunto da sua constituição, ao passo que aquele que serve esses cidadãos da maneira mais agradável e os lisonjeia, empenhado em antecipar-se, em prever os seus desejos, e hábil a satisfazê-los, é tratado como homem virtuoso, sábio profundo e honrado por elas?

- Na minha opinião, é isso mesmo que elas fazem - reconheceu e de modo algum as aprovo.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 108

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265