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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 121

- Agora, quanto ao mais em relação ao menos, quanto ao dobro em relação à metade, ao mais pesado em relação ao mais leve, ao mais rápido em relação ao mais lento, ao quente em relação ao frio e quanto a todas as outras coisas semelhantes, não se passa o mesmo?

- Absolutamente.

- E o mesmo princípio não se aplica às ciências? A ciência considerada em si mesma é a ciência do conhecível em si mesma, ou do objecto, qualquer que seja, que se lhe deve consignar; mas uma ciência determinada é a ciência de um objecto de qualidade determinada. Eu explico-me: quando nasceu a ciência de construir casas, não se distinguiu das outras ciências ao ponto de lhe chamarem arquitectura?

- É verdade.

- Porque era tal que não se assemelhava a nenhuma outra ciência?

- Sim.

- Ora, não se tornou tal quando se aplicou a um objecto determinado? E não sucede assim com todas as outras artes e todas as outras ciências?

- É o que sucede.

- Reconhece então - continuei -, se agora me compreendes, que era isso o que eu queria dizer: todo o objecto relacionado com outros, considerado em si mesmo, relaciona-se apenas consigo mesmo, considerado numa das suas qualidades em relação com esse objecto. Aliás, não pretendo que o que está relacionado com esse objecto seja semelhante a esse objecto, que, por exemplo, a ciência da saúde e da doença seja sã ou mal sã e a ciência do bem e do mal boa ou má. Mas, logo que a ciência deixa de ser ciência do conhecível em si mesma, mas de determinado objecto aqui, a saúde e a doença -, adquire uma determinação e, por isso, já não se chama simplesmente ciência, mas ciência médica, do nome do objecto particular que ela assume.

- Compreendo a tua ideia e julgo-a exacta.

- E a sede - perguntei -, não a situarás, pela sua natureza, na classe das coisas relacionadas com outras? Por certo que a sede se relaciona...

- Situá-la-ei aí - respondeu. - Relaciona-se com a bebida.

- Ora, determinada sede relaciona-se com determinada bebida; mas a sede em si mesma não se relaciona com uma bebida em grande ou em pequena quantidade, boa ou má, numa palavra, com uma espécie particular de bebida. A sede em si mesma por natureza, com a própria bebida.

- Perfeitamente.

- Por conseguinte, a alma daquele que tem sede, na medida em que tem sede, não quer senão beber; é isso o que deseja, é para isso que se precipita.

- Evidentemente.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 121

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265