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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 131
Com efeito, considero que aquele que mata alguém involuntariamente comete um crime menor do que aquele que se torna culpado de embuste no que respeita às leis belas, boas e justas. Além disso, é preferível correr esse risco no meio de inimigos do que entre amigos: de modo que me encorajas lindamente!

Sorrindo, Gláucon retorquiu:

- Se sofrermos algum dano por causa da discussão, Sócrates, considerar-te-emos inocente do assassínio e do embuste de que tivermos sido vítimas! Portanto, ganha coragem e fala.

- Não há dúvida de que o réu absolvido é um inocente, nos termos da lei. É, portanto, natural que, se assim é nesse caso, também o seja no caso presente.

- Por isso mesmo, fala.

- Temos de voltar atrás - disse eu - e dizer o que talvez devesse ter dito pela ordem, no momento próprio. No entanto, talvez seja bom que, depois de termos perfeitamente determinado o papel dos homens, determinemos o das mulheres, tanto mais que assim o desejas.

»Para homens por natureza e educação tais como os descrevemos, não há, a meu ver, posse e uso legítimos dos filhos e das mulheres senão na via em que os orientámos ao princípio. Ora, tentámos fazer deles, de certo modo, os guardas de um rebanho.

- Sim.

- Sigamos então esta ideia; demos-lhes, no que toca à procriação e à educação, regras correspondentes, em seguida vejamos se o resultado nos convém ou não.

- Como? - perguntou.

- Do seguinte modo - respondi -: consideramos que as fêmeas dos cães devem cooperar com os machos na guarda, caçar com eles e fazer tudo o resto em comum, ou que devem ficar no canil, incapazes de outra coisa, porque dão à luz e alimentam os filhotes, ao passo que os machos trabalham e assumem toda a responsabilidade do rebanho?

- Queremos - disse ele - que tudo lhes seja comum, com a reserva de que, para os serviços que delas esperamos, tratemos as fêmeas como mais fracas e os machos como mais fortes.

- Ora, pode-se tirar de um animal os mesmos serviços que de outro se não tiver sido alimentado e criado da mesma maneira?

- É impossível, naturalmente.

- Portanto, se exigimos das mulheres os mesmos serviços que dos homens, devemos formá-las nas mesmas disciplinas. - Com certeza.

- Mas ensinámos a estes a música e a ginástica.

- É verdade.

- Às mulheres, por conseguinte, é preciso ensinar estas duas artes, assim como o que diz respeito à guerra, e exigir-lhes os mesmos serviços.

- Isso ressalta do que acabas de dizer.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 131

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265