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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 132

- É possível, contudo, que, relativamente ao uso transmitido, muitas dessas coisas pareçam ridículas, se passarmos da palavra à acção.

- Com toda a certeza.

- E qual achas mais ridícula? Não é, evidentemente, que as mulheres se exercitam nuas nos ginásios, com os homens, e não só as novas, mas também as velhas, tal como esses velhos que, enrugados e de aspecto pouco agradável, continuam a comprazer-se nos exercícios ginásticos?

- Por Zeus! - exclamou. - Seria ridículo, pelo menos no estado actual dos costumes!

- Mas - prossegui -, visto que nos lançámos na discussão, não são de recear os risos dos gracejadores, que tão mal dizem de tudo e todos, quando uma semelhante mudança se instaurar em relação aos exercícios do corpo, à música e sobretudo ao porte das armas e à equitação?

- Tens razão.

- Portanto, visto que começámos a falar, temos de avançar até às asperezas que a lei apresenta, depois de termos pedido aos gracejadores que renunciem ao seu papel e sejam sérios e lhes termos recordado que não vai longe o tempo em que os Gregos acreditavam, como ainda acredita a maioria dos bárbaros, que a vista de um homem nu é um espectáculo vergonhoso e ridículo; e que, quando os exercícios gímnicos foram praticados pela primeira vez pelos Cretenses, depois pelos Lacedemónios, os citadinos de então tiveram ensejo de zombar de tudo isso. Não achas?

- Sim, acho.

- Mas quando, pelo uso, segundo imagino, lhes pareceu que era preferível estar nu do que vestido em todos esses exercícios, o que havia a seus olhos de ridículo na nudez foi dissipado pela razão, que acabava de descobrir onde estava o melhor. E isso demonstrou que é insensato aquele que julga ridícula outra coisa que não seja o mal, que tenta excitar o riso tomando para objecto das suas zombarias outro espectáculo que não seja a loucura e a perversidade ou que se proponha e persiga seriamente um objectivo de beleza que difira do bem.

- Nada mais verdadeiro.

- Mas não devemos começar por reconhecer a possibilidade ou impossibilidade do nosso projecto e permitir a quem quiser, homem zombeteiro ou sisudo, que ponha em questão se, na raça humana, a fêmea é capaz de se associar a todos os trabalhos do macho, ou nem sequer a um, ou então a uns e não a outros - e perguntar em qual destas classes se situam os trabalhos da guerra? Um tão belo começo não nos levaria, como é natural, à mais bela das conclusões?

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 132

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265