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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 142

- É, por Zeus!

- Ora, como ponto de partida do nosso acordo, não devemos perguntar a nós mesmos qual é, na organização de uma cidade, o maior bem, aquele que o legislador deve visar ao elaborar as suas leis, e qual é também o maior mal? Em seguida, não se deve examinar se a comunidade que acabamos de descrever nos orienta para esse grande bem e nos afasta desse grande mal?

- Não se pode dizer melhor.

- Mas há maior mal para uma cidade do que aquele que a divide e a torna múltipla em vez de una? Há maior bem do que aquele que a une e torna una?

- Não.

- Pois bem! A comunidade de prazer e dor não é um bem na cidade, quando, na medida do possível, todos os cidadãos se alegram ou afligem igualmente com os mesmos acontecimentos, felizes ou infelizes?

- Sim, com toda a certeza.

- E não é o egoísmo destes sentimentos que a divide, quando uns sentem uma dor viva e os outros uma alegria viva, por ocasião dos mesmos acontecimentos públicos ou particulares?

- Sem dúvida.

- Ora, isso não se deve ao facto de os cidadãos não serem unânimes em pronunciar estas palavras: isto diz-me respeito, isto não me diz respeito, isto não tem nada a ver comigo?

- Sem sombra de dúvida.

- Por conseguinte, a cidade onde a maioria dos cidadãos dizem, a propósito das mesmas coisas: isto diz-me respeito, isto não me diz respeito, esta cidade está excelentemente organizada?

- Com certeza.

- E não se comporta ela, mais coisa menos coisa, como um só homem? Eu explico: quando um dos nossos dedos sofre um golpe, a comunidade do corpo e da alma, que forma uma única organização, a saber, a do seu princípio director, experimenta uma sensação; total e simultaneamente sofre com uma das suas partes: por isso dizemos que o homem tem dores no dedo. Passa-se o mesmo com qualquer outra parte do homem, quer se trate do mal-estar causado pela dor ou do bem-estar que provoca o prazer.

- Com efeito, passa-se o mesmo. E, voltando ao que perguntavas, uma cidade bem governada encontra-se numa condição muito semelhante à do homem.

- Portanto, quer a um cidadão aconteça um bem ou um mal qualquer, será, sobretudo, uma cidade assim que fará seus os sentimentos que ele experimentar e que, toda ela, compartilhará a sua alegria ou a sua tristeza.

- É forçoso que assim seja numa cidade com boas leis.

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pág. 142 (Capítulo 5)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 142

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265