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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 143

- Agora, seria tempo de voltarmos à nossa cidade e examinarmos se as conclusões do nosso discurso se aplicam muito particularmente a ela ou se aplicam de preferência a qualquer outra cidade.

- Sim, é desse modo que devemos proceder.

- Ora, nas outras cidades não há magistrados e gente do povo como na nossa?

- Há.

- E todos se tratam por cidadãos?

- Como não?

- Mas, para além desse nome de cidadãos, que nome particular dá o povo, nas outras cidades, aos que o governam?

- A maioria chama-lhes senhores e, nos governos democráticos, arcontes.

- E na nossa cidade? Que nome, para além do de cidadãos, dará o povo aos chefes?

- O de salvadores e defensores - respondeu.

- Por seu turno, que nome darão estes ao povo?

- Distribuidor do salário e do alimento.

- Mas, nas outras cidades, como tratam os chefes dos povos?

- Como escravos.

- E como se tratam entre si mesmos?

- Como colegas na autoridade.

- E na nossa?

- Como colegas na guarda.

- Poderás dizer-me se, nas outras cidades, os chefes tratam como amigo um dos seus colegas e como estranho um outro?

- Muitos procedem assim.

- Portanto, pensam e dizem que os interesses do amigo os afectam e não os do estranho.

- É verdade.

- Mas entre os teus guardas? Há algum que possa pensar ou dizer de um dos seus colegas que lhe é estranho?

- De maneira nenhuma, visto que cada um julgará ver nos outros um irmão ou uma irmã, um filho ou uma filha ou qualquer outro parente na linha ascendente ou descendente.

- Muito bem dito - observei. - Mas responde ainda a isto: legislarás simplesmente para que eles troquem entre si nomes de parentesco ou para que todas as suas acções estejam de acordo com esses nomes, para que exprimam aos seus pais todos os deveres de respeito, solicitude e obediência que a lei prescreve em relação aos pais - sob pena de incorrer no ódio dos deuses e dos homens, se agirem de modo diferente? Com efeito, agir de modo diferente é cometer uma impiedade e uma injustiça. São estas máximas ou outras que todos os teus cidadãos farão soar, desde muito cedo, aos ouvidos das crianças, falando-lhes dos seus pais, que lhes mostrarão, e dos outros parentes?

- Serão essas - respondeu. - Seria ridículo que tivessem na boca esses nomes de parentesco sem cumprirem os deveres que implicam.

- Assim, no nosso Estado, mais de que em todos ou outros, os cidadãos pronunciarão em uníssono, quando suceder bem ou mal a um deles, as nossas frases de há pouco: os meus negócios correm bem ou os meus negócios correm mal.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 143

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265