- Neste ponto, portanto, seguiremos a autoridade de Homero: nos sacrifícios e em todas as solenidades semelhantes honraremos os bravos, consoante o seu mérito, não só por meio de hinos e das distinções de que acabamos de falar, mas também com lugares reservados, carnes e taças cheias, a fim de formá-los, homens e mulheres, honrando-os ao mesmo tempo.
- Perfeitamente.
- Quanto aos guerreiros mortos na expedição, não diremos daquele que tiver tido um fim glorioso que pertence à raça de ouro?
- Sem sombra de dúvida que diremos.
- Não acreditaremos também, com Hesíodo, que, depois da morte, os homens desta raça se tornam
génios puros e bons, que habitam a terra,
que preservam do mal e guardam os mortais?
- Sim, acreditá-lo-emos.
- Consultaremos o deus" acerca da sepultura que se deve dar a esses homens maravilhosos e divinos e das insígnias honoríficas que lhes são devidas, em seguida procederemos às exéquias do modo que nos for indicado. - Com certeza.
- Então, como se fossem génios, os seus túmulos serão objecto do nosso culto e da nossa veneração. Prestaremos as mesmas honras aos mortos de velhice, ou de qualquer outra maneira, em quem tivermos 'reconhecido durante a vida, um mérito eminente.
- É justo.
- Agora, como se comportarão os nossos soldados em relação ao inimigo?
-Em quê?
- Primeiramente, no que respeita à escravatura. Achas justo que cidades gregas escravizem gregos ou devam proibi-lo às outras, na medida de possível, e que os Gregos se habituem a poupar a raça grega, com medo de cair na servidão dos bárbaros?
- Em tudo e por tudo - respondeu -, importa que os Gregos se sirvam disso com ponderação.
- Importa, portanto, que não possuam escravos gregos e aconselhem os outros gregos a seguir o seu exemplo.
- Perfeitamente. Assim, dirigirão melhor as suas forças contra os bárbaros e abster-se-ão de as dirigir contra si próprios.
- Mas quê? Tirar aos mortos outros despojos além das armas, depois da vitória, será comportar-se com moderação? Isso não fornece aos cobardes o pretexto, para não acorrerem ao centro do combate, de realizarem uma tarefa necessária ficando debruçados sobre os cadáveres? A prática de tais rapinas não perdeu já muitos exércitos?
- É verdade.
- Não há baixeza e cupidez em despojar um cadáver?