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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 150
Não é indício de um espírito de mulher e mesquinho tratar como inimigo o corpo de um adversário, quando este está morto e desapareceu, deixando apenas o instrumento de que se servia para combater? Achas que o comportamento dos que agem assim difere do das cadelas, que mordem a pedra que lhes atiram e não fazem nenhum mal àquele que a atirou?

- Não difere absolutamente nada - disse ele.

- Portanto, é preciso deixar de despojar os cadáveres e evitar que o inimigo os leve.

- Sim, por Zeus, é preciso!

- Também não levaremos para os templos, a fim de as consagrarmos aos deuses, as armas dos vencidos, sobretudo as dos Gregos, por pouco ciosos que sejamos da condescendência dos nossos compatriotas. Antes recearemos macular os templos levando para aí os despojos dos nossos parentes, a não ser que o deus o exija.

- Muito bem.

- Passemos agora à devastação do território grego e ao incêndio das casas. Como se comportarão os teus soldados em relação ao inimigo? - Gostaria de ouvir a tua opinião a esse respeito.

- Pois bem! Creio que não se deve nem devastar nem incendiar, mas apropriar-se somente da colheita do ano. Queres que te diga por que motivo? - Quero.

- Parece-me que guerra e discórdia são dois nomes diferentes, designam duas coisas realmente diferentes e aplicam-se às divisões que se verificam em dois objectos. Ora eu digo que o primeiro desses objectos é o que pertence à família ou está ligado a ela e o segundo o que pertence a outrem ou é estranho à família. Assim, o nome de discórdia aplica-se à inimizade entre parentes e o de guerra à inimizade entre estranhos.

- O que dizes está certíssimo.

- Vê se o que vou dizer o está também: defendo que os Gregos pertencem a uma mesma família e são parentes entre si e que os Bárbaros pertencem a uma família diferente e estranha.

- Está certo - aprovou.

- Por conseguinte, quando os Gregos combatem os Bárbaros e os Bárbaros os Gregos, diremos que se guerreiam, que são inimigos naturais, e chamaremos guerra à sua inimizade; mas, se acontece alguma coisa de semelhante entre gregos, diremos que são amigos naturais, mas que num tal momento a Grécia está doente, em estado de sedição, e daremos a essa inimizade o nome e de discórdia.

- Estou inteiramente de acordo.

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pág. 150 (Capítulo 5)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 150

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265