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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 207
Diz-nos então qual é o carácter do poder dialéctico, em quantas espécies se divide e quais são os caminhos que segue; é que esses caminhos conduzem, aparentemente, a um ponto em que o viajante encontra o repouso para as fadigas da estrada e o termo da sua corrida.

- Já não serias, meu caro Gláucon, capaz de me seguir - dado que quanto a mim, a boa vontade não me faria falta nenhuma; simplesmente já não seria a imagem daquilo que dizemos que verias, mas a própria realidade ou, pelo menos, tal como a vejo. Que ela seja realmente assim ou não, não é a altura de o afirmar, mas que existe alguma coisa de parecido, podemos garanti-lo, não achas?

- Certamente!

- E também que só o poder dialéctico pode descobri-lo a um espírito versado nas ciências que acabamos de examinar, mas que, por qualquer outro caminho,• é impossível.

- Também isso merece ser afirmado.

- Pelo menos - prossegui -, há um ponto que ninguém contestará: é que existe outro método (para além dos que acabamos de examinar) que procura apreender cientificamente a essência de cada coisa. A maior parte das artes ocupam-se unicamente dos desejos dos homens e dos seus gostos e estão totalmente voltadas para a produção e a fabricação ou a conservação dos objectos naturais e fabricados. Quanto aos que constituem excepção e que, como dissemos, apreendem algo da essência - a geometria e as artes que se lhe seguem -, vemos que só conhecem o ser em sonho e que lhes será impossível ter dele uma visão real enquanto considerarem intangíveis as hipóteses de que se servem, na impossibilidade de poderem explica o motivo. Com efeito, quando se toma por princípio uma coisa que não se conhece e se compõem as conclusões e as proposições intermédias de elementos desconhecidos, poderá semelhante acordo vir a constituir uma ciência?

- De maneira nenhuma - respondeu.

- O método dialéctico é, portanto, o único que, rejeitando as hipóteses, se eleva até ao próprio princípio para estabelecer solidamente as suas conclusões e que realmente afasta, pouco a pouco, o olhar da alma da lama grosseira em que está mergulhado e o eleva para a região superior, tomando como auxiliares e ajudantes para esta conversão as artes que enumerámos. Demos-lhes por várias vezes o nome de ciências para nos conformarmos com o uso; mas deviam ter outro nome, que implicaria mais clareza que o de opinião e mais obscuridade que o de ciência - servimo-nos algures, mais acima, do de conhecimento discursivo.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 207

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265