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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 218

- E, visto que começámos por examinar os costumes dos Estados antes de examinarmos os dos particulares, porque este método era mais claro, não devemos agora considerar primeiramente o governo da honra (como não tenho nome adoptado a dar-lhe, chamar-lhe-ei timocracia ou timarquia), passar em seguida ao exame do homem que se lhe assemelha, depois ao da oligarquia e do homem oligárquico; daí lançar os olhos para a democracia e o homem democrático; finalmente, em quarto lugar, considerar a cidade tirânica, depois a alma tirânica, e procurar julgar com conhecimento de causa a questão que nos propomos?

- Isso seria proceder com ordem a essa análise e a esse julgamento.

- Pois bem! - continuei. - Tentemos explicar de que maneira se faz a passagem da aristocracia para a timocracia. Não é uma verdade elementar que toda a mudança de constituição provém da parte que detém o poder, quando a discórdia grassa entre os seus membros, e que, enquanto está de acordo consigo mesma, por muito pequena que seja, é impossível abalá-la?

-Assim é.

- Nesse caso, Gláucon, como será a nossa cidade abalada? Por onde se introduzirá, entre os auxiliares e os chefes, a discórdia que erguerá cada um destes corpos contra o outro e contra si mesmo? Queres que, a exemplo de Homero, conjuremos as Musas para que nos digam como surgiu a discórdia pela primeira vez? Suporemos que, brincando e divertindo-se connosco como com crianças, falam, como se os seus discursos fossem sérios, no tom elevado da tragédia.

- Como?

- Mais ou menos assim: é difícil que um Estado constituído como o vosso se altere; mas, como tudo o que nasce está sujeito à corrupção, este sistema de governo não durará sempre, mas dissolver-se-á, e aqui tens como. Há, não só para as plantas enraizadas na terra, mas também para os animais que vivem à sua superfície, retornos de fecundidade ou de esterilidade que afectam a alma e o corpo. Estes retornos produzem-se quando as revoluções periódicas fecham as circunferências dos círculos de cada espécie, circunferências curtas para as que têm uma vida curta, longas para as que têm uma vida longa.

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pág. 218 (Capítulo 8)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 218

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265