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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 225

- E o que censurámos há pouco, a multiplicidade das ocupações - agricultura, comércio, guerra - a que se entregam as mesmas pessoas numa cidade, é um bem, na tua opinião?

De maneira nenhuma.

- Vê agora se, de todos estes males, este não é o maior, de que a oligarquia é a primeira a ser atingida.

- Qual?

- A liberdade que se dá a cada um de vender todos os seus bens ou de adquirir os dos outros, e, depois de tudo ter sido vendido, permanecer na cidade sem exercer nenhuma função, nem de comerciante, nem de artesão, nem de cavaleiro, nem de hoplita, sem outro título a não ser o de pobre e indigente.

- Com efeito, essa constituição é a primeira a ser atingida por esse mal.

- Não se evita esta desordem nos governos oligárquicos, de contrário uns não seriam excessivamente ricos e os outros não estariam numa miséria completa.

- É verdade.

- Considera ainda isto. Quando era rico e gastava os seus bens, esse homem era mais útil à cidade nas funções a que acabamos de nos referir? Ou, embora passando por um dos chefes, não era, na realidade, nem chefe nem servidor do Estado, mas simplesmente dissipador dos seus bens?

- Sim -.- disse ele -, embora passando por um dos chefes, não era mais do que um dissipador.

- Queres então que digamos de tal homem que, como o zângão nasce numa célula para ser o flagelo da colmeia, ele nasce, zângão também, numa família para ser o flagelo da cidade?

- Com certeza, Sócrates.

- Mas não é verdade, Adiamanto, que Deus fez nascer sem aguilhão todos os zângãos alados, ao passo que, entre os zângãos com dois pés, se uns não têm aguilhão, os outros têm-nos terríveis? À primeira classe pertencem os que morrem indigentes na velhice, à segunda todos os que denominamos malfeitores.

- Nada mais verdadeiro.

- É evidente, portanto - prossegui -, que toda a cidade onde vires pobres oculta também ladrões, carteiristas, hierodulos e artesãos de todos os crimes desta espécie.

- É evidente - disse ele.

- Ora, não vês pobres nas cidades oligárquicas?

- Quase todos os cidadãos o são, com excepção dos chefes.

- Por conseguinte, não devemos também acreditar que há nas cidades muitos malfeitores providos de aguilhões, que as autoridades contêm deliberadamente pela força?

- Devemos acreditar nisso.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 225

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265