Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: Capítulo 9

Página 248

- E injustos até ao último grau, se é exacto o que dissemos atrás, a propósito da natureza da justiça?

- Mas sem dúvida - disse ele - que é exacto.

- Mas resumamos quanto ao perfeito celerado: é aquele que, no estado de vigília, é igual ao homem em estado de sonho que descrevemos.

- Perfeitamente.

- Ora, torna-se assim aquele que, dotado da natureza mais tirânica, consegue governar sozinho, e é-o tanto mais quanto viveu mais tempo no exercício da tirania.

- É inevitável - disse Gláucon, tomando, por seu turno, a palavra.

- Mas - prossegui - aquele que se apresentou como o pior revelar-se-á também o mais infeliz? E aquele que tiver exercido a tirania mais prolongada e mais absoluta não terá sido extremamente infeliz e durante mais tempo, na verdade, embora a multidão tenha a esse respeito opiniões múltiplas?

- Não poderia ser de outro modo.

- Ora, não é verdade que o homem tirânico é feito à semelhança da cidade tirânica, como o homem democrático à da democracia e assim para os outros?

- Sem dúvida.

- E o que uma cidade é a outra cidade, pela virtude e a felicidade, não o é um homem a outro homem?

- Como não?

- Qual é, então, quanto à virtude, a relação da cidade tirânica com a cidade real, tal como a descrevemos?

- Sê o exactamente contrárias - respondeu. - Uma é a melhor, a outra é a pior.

- Não te perguntarei qual das duas é a melhor ou a pior - isso é evidente. Mas, relativamente à felicidade e à infelicidade, pensas o mesmo ou de modo diferente? E aqui não nos deixemos deslumbrar pela vista do tirano e dos poucos favoritos que o rodeiam: devemos penetrar na cidade para considerá-la no seu conjunto, insinuarmo-nos por toda a parte e vermos tudo, antes de formarmos uma opinião.

- O que pedes é justo - disse ele - e é evidente para toda a gente que não há cidade mais infeliz do que a cidade tirânica, nem mais feliz do que a cidade real.

- Estarei errado se pedir as mesmas precauções para o exame dos indivíduos e se não conceder o direito de julgá-los senão àquele que pode, pelo pensamento, entrar no carácter de um homem e ver claro nele, que não se deixa deslumbrar pelas aparências - a pompa que o tirano ostenta para os profanos -, mas sabe distinguir o fundo das coisas?

<< Página Anterior

pág. 248 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 248

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265