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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 257

- E imaginaria tudo isso porque não conhece por experiência o alto, o meio e o baixo verdadeiros?

- Evidentemente.

- Espantar-te-á que os homens que não têm a experiência da verdade tenham de muitos objectos uma opinião falsa e que, relativamente ao prazer, à dor e ao seu intermédio, se achem dispostos de tal maneira que, quando passam à dor, a sensação que experimentam é exacta, porque sofrem realmente, ao passo que, quando passam da dor ao estado intermédio e acreditam firmemente que atingiram a plenitude do prazer, enganam-se, porque, à semelhança das pessoas que oporiam o cinzento ao preto, por não conhecerem o branco, opõem a ausência de dor à dor, por não conhecerem o prazer?

- Por Zeus! O contrário é que me espantaria!

- Agora - prossegui - concebe o caso da seguinte maneira. A fome, a sede e as outras necessidades semelhantes não são espécies de vazios no estado do corpo?

- Sem dúvida.

- E a ignorância e o contra - senso não são um vazio no estado da alma?

- São.

- Mas não se pode preencher estes vazios tomando alimento ou adquirindo inteligência?

- Como não?

- Ora, a plenitude mais real provém do que tem mais ou do que tem menos realidade?

- Evidentemente, do que tem mais realidade.

- Então, na tua opinião, destes dois géneros de coisas, qual participa mais da existência pura: o que inclui, por exemplo, o pão, a bebida, a carne e a alimentação em geral ou o da opinião verdadeira, da ciência, da inteligência e, numa palavra, de todas as virtudes? Julga da seguinte maneira. O que se liga ao imutável, ao imortal e à verdade, que é de natureza semelhante e se produz num sujeito semelhante, parece-te ter mais realidade do que o que se liga ao mutável e ao mortal, que é ele próprio de natureza semelhante e se produz num sujeito semelhante?

- O que se liga ao imutável - respondeu - tem muito mais realidade.

- Mas o ser do que muda sempre participa mais da essência do que da ciência?

- Não.

- E do que da verdade?

- Também não.

- Ora, se participa menos da verdade, não participa menos da essência?

- Necessariamente.

- Portanto, geralmente, as coisas que servem para a conservação do corpo participam menos da verdade e da essência do que as que servem para a conservação da alma.

- Muito menos.

- E o próprio corpo, comparado com a alma, não está neste caso?

- Está.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 257

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265