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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 259

- Mas então - retorqui - não ousaremos avançar que os desejos relativos ao interesse e à ambição, quando seguem a ciência e a razão e procuram com elas os prazeres que a sabedoria lhes indica, alcançam os prazeres mais verdadeiros que lhes é possível experimentar, porque a verdade os guia, e os prazeres que lhes são próprios, se é verdade que o que há de melhor para cada coisa é também o que lhe é mais próprio?

- Mas é exactamente o que lhe é mais próprio.

- Assim, quando toda a alma segue o elemento filosófico e não se produz nela nenhuma revolta, cada uma das suas partes mantém-se nos limites das suas funções, pratica a justiça e, além disso, recolhe os prazeres que lhe são próprios, os melhores e os mais verdadeiros que lhe é possível gozar.

- Certamente.

- Mas, quando é um dos dois outros elementos que domina, resulta daí que este elemento não encontra o prazer que lhe é próprio; além disso, obriga os outros dois a procurarem um prazer estranho e falso.

- É assim mesmo.

- Mas não é, sobretudo, o que se afasta mais da filosofia e da razão que provocará tais efeitos?

- Com certeza.

- Ora, o que mais se afasta da razão não é precisamente o que mais se afasta da lei e da ordem?

- Evidentemente.

- Mas não vimos que os desejos amorosos e tirânicos são os que mais se afastam?

- Sim, vimos.

- E menos os desejos monárquicos e moderados?

- Sim.

- Por conseguinte, o mais afastado do prazer autêntico e próprio do homem será, julgo eu, o tirano; o menos afastado, o rei.

- Necessariamente.

- Assim, a vida menos agradável será a do tirano e a mais agradável a do rei.

- É incontestável.

- Mas sabes quanto a vida do tirano é menos agradável do que a do rei?

- Sim, se mo disseres.

- Há, segundo parece, três prazeres, um legítimo e dois bastardos; ora, o tirano, evitando a razão e a lei, transpõe o limite dos prazeres bastardos e vive no meio de uma escolta de prazeres servis; dizer em que medida é inferior ao outro não é nada fácil, excepto talvez da maneira seguinte.

- Como?

- A partir do homem oligárquico, o tirano está no terceiro grau, porque entre eles está o homem democrático.

-Sim.

- Ora, ele não coabita com uma sombra de prazer, que será a terceira a partir da do oligarca, se o que dissemos atrás é verdade?

-Assim é.

- Mas o oligarca é igualmente o terceiro a partir do rei, se contarmos como um só o homem real e o homem aristocrático.

- O terceiro, com efeito.

- Por conseguinte, é de três vezes três graus que o tirano está afastado do verdadeiro prazer.

- Assim parece.

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pág. 259 (Capítulo 9)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 259

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265