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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 272
Ora, dirigindo-se a esta disposição da nossa natureza, a pintura sombreada não descura penhum processo de magia, como é também o caso do charlatão e de muitas outras invenções deste género.

- É verdade.

- Ora, não se descobriu na medida, no cálculo e no peso excelentes preservativos contra tais ilusões, de modo que o que prevalece em nós não é a aparência de grandeza ou pequenez, de quantidade ou peso, mas o parecer daquilo que contou, mediu, pesou?

- Sem dúvida.

- E estas operações competem ao elemento racional da nossa alma.

- A esse elemento, efectivamente.

- Mas não lhe sucede muitas vezes, depois de ter medido e assinalado que tais objectos são, em relação a outros, maiores, menores ou iguais, receber simultaneamente a impressão contrária a propósito dos mesmos objectos?

- Sim.

- Ora, não declarámos que era impossível que o mesmo elemento tivesse, sobre as mesmas coisas e simultaneamente, duas opiniões contrárias?

- É declarámo-lo com razão.

- Por conseguinte, o que, na alma, opina contrariamente à medida não forma, com o que opina conformemente à medida, um único e mesmo elemento.

- Com efeito, não.

- Mas por certo que o elemento que se fia na medida e no cálculo é o melhor elemento da alma.

- Sem dúvida.

- Portanto, o que é contrário será um elemento inferior de nós mesmos.

- Necessariamente.

- Era a esta confissão que queria conduzir-vos quando dizia que a pintura, e geralmente toda a espécie de imitação, realiza a sua obra longe da verdade, que se relaciona com um elemento de nós mesmos afastado da sabedoria e não se propõe, com essa ligação e amizade, nada de são nem de verdadeiro.

- É exacto - disse ele.

- Assim, coisa medíocre unida a um elemento medíocre, a imitação só engendrará frutos medíocres. - Assim parece.

- Mas trata-se apenas - perguntei - da imitação que se dirige à vista ou também da que se dirige ao ouvido, e a que chamamos poesia?

- Verosimilmente, trata-se também da última.

- Todavia, não nos limitemos a esta semelhança da poesia com a pintura; vamos até esse elemento do espírito com que está relacionada a imitação poética e vejamos se é vil ou precioso.

- Temos de fazê-lo, com efeito.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 272

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265