O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 101 / 102

As minhas provisões do sal, que nunca foram renovadas desde o dia da primeira experiência, começaram a escassear. Encomendei um novo fornecimento e preparei a mistura; seguiu-se a ebulição e a primeira alteração da cor, mas não a segunda; bebi-a e não se produziu qualquer efeito. Saberás por intermédio de Poole como vasculhei toda a cidade de Londres; foi em vão; e estou agora convencido de que o meu primeiro fornecimento era impuro, e que foi essa impureza que emprestou eficácia à bebida.

Já se passou uma semana, e estou a terminar este depoimento sob a influência do que resta dos velhos pós. Como tal, esta é a última ocasião, a menos que haja um milagre, que Henry Jekyll pode pensar por si mesmo ou contemplar o seu próprio rosto (agora tão tristemente desfigurado!) no espelho. Nem me alongarei a terminar este escrito, já que, se a narração escapou até agora à destruição, tal se deve a uma combinação de uma enorme prudência e uma grande sorte. Se os espasmos da transformação me consumirem no acto de a compor, Hyde rasgá-la-á em pedaços; mas se tiver passado algum tempo depois de eu a ter posto de parte, o seu fantástico egocentrismo e o modo como se cinge ao momento, provavelmente, poupá-la-ão mais uma vez da acção do seu rancor simiesco. E, na verdade, a maldição que nos encerra a ambos já o transformou e esmagou.





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