O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 31 / 102

- E agora, minha boa senhora, deixe que eu e este cavalheiro entremos para darmos uma vista de olhos pela casa.

De toda a área da casa, que era ocupada apenas pela velha, o Sr. Hyde só usava dois quartos; estes, no entanto, estavam mobilados com luxo e bom gosto. Havia uma garrafeira repleta de vinho; a baixela era de prata e os atoalhados elegantes; na parede estava pendurado um belo quadro, oferecido (supôs Utterson) por Henry Jekyll, que era um grande conhecedor de pintura; os tapetes eram espessos e de cores agradáveis. Porém, naquele momento, os quartos apresentavam vestígios de terem sido recentemente revolvidos à pressa; havia roupa espalhada pelo chão, com os bolsos revirados do avesso; as gavetas de fechadura tinham ficado abertas; e na lareira havia um monte de cinzas, como se alguém tivesse queimado muitos papéis. Foi destas brasas que o inspector retirou o que restava de um livro de cheques verde, que resistira à acção do fogo; a outra metade da bengala foi encontrada atrás da porta; como isso confirmava as suas suspeitas, o agente declarou-se encantado. Uma visita ao banco, onde se descobriu que havia um crédito de vários milhares de libras em nome do assassino, completou a sua satisfação.

- O senhor pode ter a certeza - disse ao Sr. Utterson - de que já o tenho na mão. Deve ter perdido a cabeça, caso contrário, não teria abandonado a bengala nem, sobretudo, queimado o livro de cheques. O dinheiro é vital para aquele homem. Só nos resta esperar que venha ao banco e mostrar-lhe o mandato de captura.





Os capítulos deste livro