O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 7 / 102

Então, todos nós - o médico, o pai da criança, o nosso amigo e eu próprio - fomos para minha casa, onde passámos o resto da noite; no dia seguinte: depois de tomarmos o pequeno-almoço, fomos em grupo até ao banco. Eu próprio apresentei o cheque, dizendo que tinha todas as razões para desconfiar da sua validade. Porém, tal não era o caso. O cheque era autêntico.

- Ah! - exclamou Utterson, indignado.

- Vejo que sente o mesmo que eu - observou o Sr. Enfield. - Sim é uma história atroz, porque o homem era um indivíduo verdadeiramente abominável, com quem ninguém podia ter qualquer tipo de relação; ao passo que- a pessoa que assinou o cheque é um exemplo de correcção, sendo inclusive famoso, e alguém de quem todos dizem muito bem (o que torna a situação mais insólita). Seria, seguramente, um caso de chantagem, suponho eu: um homem honesto que pagava caro por certos deslizes da juventude. Desde então costumo chamar àquele local a Casa da Chantagem. Mesmo assim tal não chega para explicar tudo.

Com estas palavras, o Sr. Enfield mergulhou num silêncio contemplativo, do qual só saiu quando, subitamente, o Sr. Utterson lhe perguntou:

- E não sabe se o sacador do cheque mora ali?

- É um sítio provável, não é? - respondeu o Sr. Enfield. - Por acaso, reparei no seu endereço; vive numa praceta qualquer.

- E nunca se inteirou acerca do... sítio da porta? - inquiriu o advogado.

- Não meu caro senhor, tive um certo pudor - respondeu o outro. - Sinto muita relutância em colocar certas questões que me façam lembrar o Dia do Juízo Final.





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