O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 72 / 102

Venho aqui instado pelo seu colega, o Dr. Henry Jekyll, para um assunto de uma certa urgência; e sei que...

Fez uma pausa, levando a mão à garganta, e pude ver, apesar dos seus modos contidos, que se debatia contra a iminência de entrar em histeria.

- Sei que... uma gaveta...

Mas nesse momento, senti compaixão pela ansiedade do meu visitante e, porventura, alguma pela minha própria curiosidade crescente.

- Está ali, caro senhor - disse-lhe, apontando para a gaveta, que estava pousada no chão, atrás de uma mesa e ainda coberta com o lençol.

Deu um salto para junto dela e ficou parado, levando a mão ao peito; podia ouvir-lhe o ranger dos dentes com a convulsiva acção dos maxilares; e o seu rosto era tão horrendo à vista que fiquei ainda mais apreensivo tanto pela sua vida como pelo seu juízo.

- Acalme-se - disse-lhe.

Lançou-me um sorriso sarcástico e, como que levado pelo desespero, removeu o lençol. Ao ver o conteúdo da gaveta, proferiu um sonoro suspiro de um alívio tão grande que fiquei petrificado no meu assento. E no momento seguinte, numa voz já perfeitamente controlada, perguntou:

- Tem um copo graduado?

Levantei-me do meu lugar com algum esforço e dei-lhe o que me pedira.

Agradeceu-me com um aceno sorridente, mediu uma quantidade ínfima da tintura vermelha e acrescentou um dos pós. A mistura, que inicialmente tinha uma tonalidade avermelhada, começou, à medida que os cristais se derretiam, a adquirir uma cor brilhante, a fervilhar de um modo bem audível e a exalar pequenas emanações de vapor.





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