O companheiro, Julius Burger, era um tipo muito diferente.
Nascido de pai alemão e de mãe italiana, descendia ao mesmo tempo das duas raças. Nele as qualidades de força das gentes do Norte combinavam-se estranhamente com a graça mais suave dos meridionais. Olhos azuis de teutão iluminavam um rosto tisnado pelo sol; a testa maciça e quadrada era encimada por uma cabeleira encaracolada de um amarelo pálido; o maxilar forte e proeminente estava bem escanhoado; muitas vezes o camarada notara uma semelhança impressionante entre o alemão e os bustos romanos que lhe ornamentavam os cantos da casa. O seu carácter enérgico de germano deixava por vezes adivinhar alguns traços da astúcia italiana, mas o seu sorriso era tão leal, os olhos tão francos que se pensava logo ser apenas uma feição afastada do atavismo, sem nenhuma influência sobre a sua maneira de ser.
Tinha a mesma idade que o camarada inglês e a sua reputação era igual. Todavia, a existência e o trabalho haviam-lhe sido mais penosos.