Contos de Mistério - Cap. 6: BRINCANDO COM O FOGO
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Por outro lado, nunca quereríamos introduzir entre nós um médium pago: era evidente que um médium profissional teria sido tentado a agradar-nos pelo nosso dinheiro e a deixar-se cair no embuste; como fiar-nos em fenómenos produzidos à tarifa de um guinéu à hora? Moir, felizmente, tinha descoberto que a irmã possuía dons de médium, Por outras palavras, que ela era uma pilha desta força magnética animal que é. a única forma de energia suficientemente subtil para ser exercida tão bem do plano espiritual como do nosso próprio plano material. Naturalmente, quando digo isto, não pretendo de modo algum supor verdade o que está em questão: aludo simplesmente às teorias graças às quais explicávamos, erradamente ou com razão, o que víamos. Esta senhora intervinha, portanto, sem a completa aprovação do marido; embora não desse nunca a impressão de uma muito grande força psíquica, mesmo assim conseguíamos obter as suas comunicações habituais que são ao mesmo tempo pueris e inexplicáveis. Todos os domingos, reuníamo-nos no estúdio de Harvey Deacon em Badderly Gardens, a casa que faz esquina com Merton Park Road.

O talento imaginativo que Harvey Deacon prodigalizava na sua arte predispunha qualquer pessoa a considerá-lo como um amador ardente de tudo quanto fosse arrebatador e sensacional. O pitoresco certo que existe no estudo das ciências ocultas atraíra-o em primeiro lugar; mas o seu interesse depressa incidira em alguns dos fenómenos que mencionei, e chegara já à conclusão de que aquilo que tomara por uma aventura romanesca e jocosa, por um divertimento pós-jantar era na verdade uma realidade muito formidável. Dotado de um cérebro notavelmente claro e lógico, figurava no nosso pequeno círculo o elemento crítico, o homem sem preconceitos que está pronto a seguir os factos tal como os vê e recusa emitir uma teoria prévia sobre as suas informações.





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