- Desça! - balbuciou. - Bellingham está doente! Abercrombie Smith acompanhou-o até ao pequeno salão que ficava justamente por debaixo do seu; por preocupado que estivesse com o incidente, não pôde impedir-se de lançar um olhar espantado em seu redor quando transpôs o limiar. Era uma divisão como nunca antes vira: mais um museu do que um escritório. As paredes e o tecto achavam-se quase inteiramente cobertos por inúmeras relíquias estranhas oriundas do Egipto e do Oriente. Grandes silhuetas transportando fardos ou armas pavoneavam-se altivamente num friso grosseiro que dava a volta à sala. Por cima havia, esculpidas na pedra, cabeças de touros, cabeças de cegonha, cabeças de gato, cabeças de coruja, com estátuas de monarcas de olhos em forma de amêndoas, coroados de víboras, e estranhas divindades que se assemelhavam a coleópteros, talhadas em lápis-lazúli do Egipto. Hórus, Ísis e Os íris contemplavam o salão de vários nichos e de todas as prateleiras: atravessado no tecto, um autêntico filho do velho Nilo, um grande crocodilo de fauces abertas, achava-se suspenso por um nó duplo.
No meio desta sala pouco banal, estava uma grande mesa quadrada juncada de papéis, de garrafas e de folhas secas de uma espécie de palmeira graciosa. Estes diversos objectos haviam sido empurrados ao acaso a fim de darem lugar a um caixote para múmia, que fora retirado da parede (como era dada fé pelo vazio que ali deixara) e que estava pousado de través na mesa. Quanto à própria múmia, terrificante coisa negra
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ARTHUR CONAN DOYLE
CONTOS DE MISTÉRIO
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e flácida que evocava uma cabeça calcinada sobre um arbusto nodoso, estava meio saída do seu caixote; uma mão semelhante a um alicate e um antebraço ossudo descansavam em cima da mesa.
