- Vi qualquer coisa.
- Era ele! Era o John! Morreu!
Murmurei algumas frases inanes de dúvida, mas ela cochichou:
- Acaba, sem dúvida, de morrer no hospital da Madeira.
Li sobre alguns casos assim. Apareceu-me a sua imagem. Ó John meu, meu queridíssimo John, que acabo de perder!
Rebentou logo numa tempestade de soluços e eu levei-a para o seu camarote, onde a deixei sozinha entregue à dor. Levantou-se naquela noite uma brisa fresca do oriente. Ao cair da tarde do dia seguinte deixámos para trás as duas ilhotas das Desertas e, já ao anoitecer, lançámos a âncora na baía do Funchal. O Eastern Star estava ancorado a não muita distância de nós, com a bandeira de quarentena içada no mastro maior, e a sua bandeira do gurupés a meia haste.
- Está a vê-lo? - apressou-se a dizer Mrs. Vansittart.
Mas agora tinha os olhos enxutos, porque já o sabia de antemão.
Naquela noite as autoridades deram-lhe licença para deslocar- se a bordo do Eastern Star. O capitão Himes aguardava na coberta e na sua rude cara pugnavam as expressões de confusão e de pesar, enquanto procurava frases para anunciar a dolorosa notícia; mas foi ela que tomou a palavra dizendo:
- Já sei que o meu esposo morreu ontem à noite, por volta das dez, no hospital da Madeira, não foi assim?
O marinheiro fitou-a boquiaberto e contestou:
- Não, senhora. Morreu há oito dias, no mar, e não tivemos outro remédio que não fosse dar-lhe sepultura ali mesmo, porque estávamos numa zona de calmaria e não sabíamos quando tocaríamos terra.
Pois bem, estes são os dados mais importantes referentes à morte de John Vansittart e à sua aparição à mulher navegando em 35° de latitude Norte e em 15° de longitude Oeste. Poucos casos há mais claros de aparição espectral.